Hoje vamos falar de uma atividade de
risco, isto porque, seu ambiente envolve uma série de substâncias que a longo e
curto prazo podem acarretar doenças e problemas de saúde. Vamos falar dos
riscos dos combustÃveis para saúde dos trabalhadores, sendo eles
frentistas ou qualquer profissional que trabalhe neste ambiente.
Quando falamos de postos de abastecimento, sempre lembramos daquele cheiro
forte e caracterÃstico da gasolina quando abastecemos o carro, muitos brincam
falando que adoram o cheiro, outros nem tanto. Mas, será que seria tão
agradável inalar estes combustÃveis todos os dias? quais são os danos e riscos
que este contato podem trazer?
Vamos entender
melhor, a principal substância que compõe os combustÃveis é o benzeno,
de caracterÃstica incolor e altamente cancerÃgeno, ele pode causar desde
dores de cabeça até problemas mais graves como anemia, danos neurológicos,
infecção pulmonar e a diminuição do sistema imunológico.
Já o contato da
substância com a pele pode causar leves queimaduras, ressecamentos e em casos
mais graves pode desenvolver problemas como dermatite. Existem estudos que
afirmam que quando a gasolina é inalada em condições crônicas, pode até afetar
o comportamento das pessoas, como passar a ter maior nÃvel de agressividade,
ansiedade etc.
Os riscos não são
resumidos pelo contato fÃsico ou pela inalação, mas também pelo alto risco de
explosão, isso porque os postos de abastecimento possuem uma alta circulação de
gases inflamáveis e as fontes de ignição são a das mais variadas. Estes riscos
podem afetar não só os frentistas, mas também os lavadores de carro, os
atendentes de lojas de conveniência dos postos os funcionários administrativos
e os moradores da redondeza.
A revista Caleidoscópio retrata a história da
ex-frentista Nayne Alves, 32, que trabalhou quatro anos em um posto de
combustÃvel situado no complexo habitacional Benedito Bentes. Ela conta em sua
entrevista que começou a trabalhar no posto de combustÃveis sem experiência e
sem o curso da NR-20 exigido pelo MTE.
A ex-frentista
afirmou que nunca obteve orientações e que usava apenas uma flanela para
limpar o combustÃvel que as vezes sujava os carros ao abastecer, os
únicos EPIs que o empregador entregou de fato foi a bota e o fardamento, mas
não foram suficientes. Assim que começou a trabalhar, Nayne sentia muitas dores
de cabeça e náuseas, mas não parou por ai, quando conseguiu o trabalho de
gerente, se sentia muito estressada pela alta cobrança da chefia, na entrevista
ela conta que na loja de conveniência onde era obrigada a contar item por item,
foi informada que se houvesse incompatibilidade com as caixas, o valor seria
descontado de seu salário.
Somando todos esses
anos de sofrimento, Nayne já sentia que dores de cabeça e náuseas faziam parte
de sua vida, até que um dia não teve condições de levantar da cama, foi ao
médico e recebeu o diagnóstico de uma grave pneumonia e uma bactéria em seu
sangue.
O médico constatou
que a causa da pneumonia vinha da inalação das substâncias combustÃveis e a
bactéria proveniente da água contaminada do próprio posto. Nayne descobriu que
o reservatório de água ficava ao lado de uma caixa de esgoto, que veio a
estourar e contaminar o lÃquido, a bactéria era o resultado da consumação
diária deste lÃquido.
Infelizmente a
empresa se negou a arcar com os custos do tratamento, que então foram cobertos
pela própria famÃlia de Nayne. Quando voltou a rotina de trabalho, foi
informada que seria desligada da empresa e que receberia apenas o valor de
R$600, na época entrou na justiça e conseguiu negociar o valor de R$ 2 mil.
Esta é ainda uma
realidade de muitos frentistas, é preciso conscientizar os trabalhadores sobre
seus direitos e sobre as normas, cobrando também dos donos para fornecer a
informação e cumprir com suas responsabilidades. Vale lembrar em sempre ficar
atento também aos agentes que podem causar combustão.
Para combater estes
riscos no mÃnimo deve-se utilizar uma máscara para inalação de vapores
orgânicos, óculos protetor e botas de segurança, porém muitas vezes os EPIs e
as normas são deixadas de lado, não só pela negligência do empregador, mas
também pela falta de informação dos colaboradores ou pela falta de
equipamentos.
Como vimos,
o ambiente dos postos de abastecimento são zonas que podem provocar
sérios riscos e perigos para a saúde, por este motivo a lei determina que os
trabalhadores recebam um adicional de periculosidade, que corresponde a 30% do
salário base.
A multa para postos
que não cumprem com esta regra pode variar de R$ 400,00 a R$ 6.000 dependendo
do caso.
Texto e imagem
retirados do Blog INBEP.